Embora as Testemunhas de Jeová façam questão de aparentar confiança e destemor, a realidade interior de cada uma destas pessoas frequentemente é bem outra, a maioria apresenta inúmeros medos, fobias, colocados sobre elas pela Organização a qual tentam servir fielmente. Não seria nenhum exagero dizer, que talvez este 'doutrinamento' por meio do poder de intimidação do medo, seja no fundo o maior responsável por manter um grande número das Testemunhas numa condição de fidelidade a esta Organização, a Sociedade Torre de Vigia. Talvez mais do que todas as outras doutrinas presentes no conjunto de ensinos que recebem e aceitam. A lista abaixo identifica e tenta esclarecer alguns destes medos:
Medo das “Pessoas do Mundo”
O medo do mundo e daqueles que vivem nele, é um sentimento básico presente de forma generalizada nas Testemunhas de Jeová. Aquelas que insistem em manter relações de amizade com pessoas de fora da organização e que nunca foram Testemunhas, “mundanos” portanto, são considerados pela Sociedade Torre de Vigia como envolvidos com “más associações”.
A Sociedade raciocina que todas as coisas do mundo, entenda-se com isso o que está do lado de fora da organização, devem ser vistas como iníquas e sob o poder de demónios, desta forma as pessoas que não são Testemunhas de Jeová devem ser encaradas como potenciais ameaças à espiritualidade dos que mantém com elas vínculos amistosos e por esta razão evitadas o máximo possível.
Este ensinamento preconceituoso causa a mentalidade da segregação social, do “nós que somos bons aqui e eles que são maus lá”, muito comum nas Testemunhas.
Medo de Amizades Íntimas
Mesmo entre os que estão dentro da Organização, os relacionamentos próximos são secretamente temidos. A Testemunha média tem uma ou outra amizade mais próxima, porém mesmo assim evita o excesso de intimidade e limita o seu círculo normal de amizades a um grupo reduzido de pessoas, apesar de que, aos olhos de algum desavisado que passe no início de uma reunião delas, possa parecer que não é assim, pois todos se cumprimentam, conversam, etc, mas nada além disso, é tudo muito superficial e após o término da tal reunião cada um se fechará novamente em seu casulo.
É uma atitude compreensível e facilmente explicável: Medo.
As Testemunhas conhecem muito bem o sistema de vigilância mútua que existe entre elas e tem medo de que em algum momento possa deixar escapar algum assunto que deveria ter permanecido secreto, ou mesmo que levada pela confiança possa fazer uma confidência a algum destes amigos considerados como íntimos, e este “amigo” acabar levando ao conhecimento dos anciãos algo que foi dito inadvertidamente, ou pior ainda, confiando-se no segredo.
Medo de demónios
Está inserido na mente das Testemunhas de Jeová que todas as coisas que estão do lado de fora da Organização são manipuladas por demónios.
A maioria delas está dominada por um tipo fanático de superstição que faz com que vejam demónios onde eles simplesmente não existem. Por exemplo, um inofensivo boneco inanimado dos “smurffs” será encarado como demoníaco por muitas Testemunhas.
Outras áreas de intensa actividade demoníaca no entender de muitas delas são determinados programas de televisão, literaturas seculares e até mesmo o entusiasmo religioso de pessoas pertencentes a outras denominações religiosas.
O facto destas pessoas demonstrarem sua fé por proferirem longas orações ou outras formas de manifestação a levará a ser encarada pelas Testemunhas como estando sob o controle dos demónios.
Medo de Críticas em Literaturas e na Internet
Quando alguma literatura ou informação contendo críticas á Sociedade Torre de Vigia chega às mãos, aos olhos ou ouvidos de uma Testemunha de Jeová, será automaticamente recusada, quase sempre sem nem ao menos considerar a legitimidade e validade da matéria, porque elas já estão com a mente condicionada para proceder desta maneira.
É natural, a Sociedade Torre de Vigia está ciente das consequências que o poder destrutivo destas literaturas e informações que expõe sua história, seus erros doutrinais, suas falsas profecias, etc, trariam para ela.
Desta forma, melhor do que tentar defender sua frágil posição é atacar o autor das críticas, o desmoralizando e desqualificando, e gastar enorme quantidade de tempo e energia para introduzir á força entre as Testemunhas de Jeová o medo, que a fará sequer colocar os olhos sobre o material crítico e evitá-lo como se estivesse contaminado por praga mortífera.
Em anos recentes, o aumento da facilidade de acesso a informação e a dificuldade de controlar rigidamente este acesso nas Testemunhas, revelou-se um gigantesco problema para a Sociedade Torre de Vigia.
Relacionado com isso está a recente explosão da popularidade da internet, que provocou uma verdadeira revolução com o acesso fácil as informações e permitiu que pessoas pudessem trocar ideias mesmo sem nunca terem se falado pessoalmente.
Existem hoje centenas de Web Sites na internet expondo os erros da Sociedade, qualquer pessoa pode acessa-los sem grandes riscos e longe dos olhos dos anciãos e de outras Testemunhas.
A Sociedade, é claro, está bem ciente disso. Por este motivo, ela tem feito um grande esforço para apresentar a internet como algo de que se ter medo, um grande demónio a ser evitado, até mesmo comparando sites críticos de seus ensinos com sites pornográficos.
Medo da Dúvida
Como a Sociedade Torre de Vigia apresenta-se como tendo “A Verdade”, e como nenhum erro ou falha pode se originar da verdade, é aterrador para uma Testemunha de Jeová ser acometida por qualquer tipo de dúvida, por mínima que seja, com relação aos ensinos e atitudes da Sociedade.
Entretanto, e esta é a realidade, muitas Testemunhas tem dúvidas secretas, muito bem guardadas no seu íntimo, pois sabem que a manifestação delas pode ser fatal, mas ao mesmo tempo travam uma árdua luta interna para tentar afastar tais pensamentos e continuar como activos participantes na Organização que afirma ter “A Verdade” e ser a "Organização visível" de Deus na terra.
Medo de Deixar a Organização
Se uma Testemunha de Jeová começar a ter dúvidas sobre a Sociedade Torre de Vigia, ela terá muito medo, medo de que para continuar em paz com sua consciência e prestando um verdadeiro serviço sagrado a Deus, tenha de sair da Organização.
Este medo trás consigo uma série de outros medos adicionais. Por exemplo, muitas Testemunhas estão convencidas de que se saírem da Sociedade Torre de Vigia não haverá nenhum lugar para ir, e esta falta de perspectiva futura causa-lhes pânico.
A Sociedade deu-lhes a segurança de estar na “verdade” e foi sua “mãe” durante tão longo tempo que elas não conseguem imaginar como poderiam viver de maneira independente dela. Além disso, as demais religiões são apresentadas como recebendo má luz, demoníaca, durante o período de doutrinação da Testemunha pela Sociedade, e isto é feito de forma tão intensa e massiva, que seria muito improvável que ela procurasse uma destas religiões para se associar.
No entanto, este medo de não ter para onde ir é totalmente infundado, pois Jesus disse uma verdade simples e ao mesmo tempo poderosa, que cada um de nós pode chegar-se a Ele directamente, sim, com Ele somente, sem intermediários. Jesus diz: “Vinde a mim, todos os que estais labutando e que estais sobrecarregados, e eu vos reanimarei”. (Mateus 11:28)
Há também o medo, terrível ao ser humano, de ser apartado do convívio da família, dos parentes e amigos se sair individualmente da Organização.
A maioria das Testemunhas conhece de forma pessoal outras famílias de concrentes que foram desintegradas porque um dos membros decidiu deixar a Organização.
Um outro medo relacionado com a saída da Organização, é motivado pelo ensino insistente da Sociedade no qual apenas dentro dela a pessoa está a salvo, comparando-se a uma moderna Arca de Noé, e se alguém a deixa, Jeová retirará Sua protecção resultando em alguma terrível catástrofe.
Exemplificando, se uma Testemunha deixa a Organização, não estando mais sob qualquer tipo de protecção de Jeová Deus, Satanás poderá causar algo como um carro ficar fora de controle e matá-la. Outro medo comum de sair da Sociedade Torre de Vigia é o de ser destruído no Armagedom.
As Testemunhas são ensinadas em todas as oportunidades possíveis de que não há esperança de sobrevivência naquele dia fatal para aqueles que saem da Organização.
Medo da Apostasia e dos Apóstatas
Relacionado de perto ao medo de sair da Organização é o medo da apostasia.
As Testemunhas de Jeová tendem a tratar automaticamente aqueles que deixam voluntariamente a Organização como apóstatas. Isso por sua vez tende a fazer com que a Testemunha registre em sua mente que o ex-companheiro não apenas abandonou a fé em Jeová ao sair da Sociedade que o protegia, mas também, e muito pior do que isso, voltou as costas a Jeová tornando-se um ferrenho opositor, inimigo de Deus e de Seus propósitos.
A diferença entre as duas coisas, sair da Organização e tornar-se inimigo de Deus, é brutal, mas a forma subtil como as duas coisas são colocadas na mente das Testemunhas torna ambas semelhantes, para não dizer iguais.
A maioria das Testemunhas de Jeová acredita firmemente que não há felicidade e prosperidade espiritual do lado de fora da Organização. Na verdade, se elas não tivessem tanto medo a ofuscar-lhes a visão lógica, poderiam perceber que ao contrário do que pensam, muitas ex-Testemunhas, têm vidas frutíferas e bem sucedidas em todos os aspectos, mantendo intacta sua fé em Deus, ao invés de se tornarem Seus inimigos, e tem a oportunidade de, como deixa claro o texto acima de Mateus 11:28, serem legítimos seguidores de Cristo, mesmo não se unindo a qualquer denominação religiosa.
Medo de Outras Religiões
As Testemunhas de Jeová ficam literalmente aterrorizadas com a simples ideia de entrar numa igreja católica ou em qualquer outro tipo de edifício religioso que não pertença a Sociedade. Mesmo quando se trata de cerimónias de casamento de parentes e amigos próximos, e mesmo sendo o casamento uma instituição abençoada por Deus.
A maioria das Testemunhas também nunca irá se unir em oração com alguém que não compartilhe da sua religião. Porquê? Porque elas acreditam comumente que estas pessoas de outras religiões, estão orando não a Deus, mas ao opositor Dele, Satanás.
Medo dos Anciãos
Os anciãos congregacionais possuem muito poder e autoridade sobre todos os aspectos da vida, inclusive pessoal, das Testemunhas de Jeová.
Se alguma delas não se conforma totalmente ao molde estabelecido pelas regras comportamentais da Organização, ou se apresenta algum sinal de individualismo e atitudes diferentes do estabelecido, são imediatamente consideradas como suspeitas pelos anciãos.
Muitas Testemunhas e ex-Testemunhas conhecem ou já ouviram falar de histórias sobre anciãos se transformarem em espiões, vigiando as actividades extra-congregacionais e a vida privada das ovelhas de seu rebanho.
Por exemplo, certo grupo de anciãos começou a suspeitar que uma Testemunha, um homem casado, estava tendo um caso amoroso com uma outra mulher. Em vez de simplesmente questionarem o homem quanto as suas suspeitas, preferiram imaginar o pior e montaram uma verdadeira operação de espionagem na frente da casa da mulher.
Persistiram por diversas noites na bisbilhotice da vida privada alheia, até que por fim conseguiram surpreender o homem com a “evidência” do adultério: A presença dele na casa de outra mulher. Só depois foram descobrir que a jovem mulher era na verdade a irmã carnal do suspeito!
Obviamente esse tipo de atmosfera criado por aqueles que, teoricamente, tem o dever de pastorear o rebanho sob seus cuidados, provoca medo e paranóia entre as ovelhas. Provavelmente, o grande poder que os anciãos possuem sobre as Testemunhas é consequência do medo que elas tem das Comissões Judicativas e dos castigos, singelamente chamados de disciplina, que são aplicados por elas.
Estas Comissões formadas por anciãos, pretensamente sob orientação divina, tem o poder de reprovar, censurar, humilhar e expulsar as Testemunhas da Organização, o que dá a exacta dimensão do medo que provocam. Quando há disputas ou ciúmes ao ponto de romperem relações entre as Testemunhas, a frase “Vou levá-lo(a) perante uma comissão” é a ameaça mais ouvida e a que provoca mais pavor.
"Pois não recebestes um espírito de escravidão, causando novamente temor, mas recebestes um espírito de adopção, como filhos, espírito pelo qual clamamos: "Aba, Pai!" (Rom. 8:15)
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